Outer Range e Night Sky, que estrearam no Amazon Prime recentemente (com pouco tempo de diferença entre a estreia de uma e outra), já podem ser incluídas, com certeza, na lista das melhores séries originais da Amazon produzidas até agora.
São duas tramas inventivas, que prendem a atenção pela carga de mistérios e realizadas com primor cinematográfico – são tantas belas imagens que dá até vontade de vê-las na tela grande, sobretudo Outer Range, com seus incontáveis planos abertos.
.Coincidentemente, são obras de criadores estreantes. Brian Watkins, em seu primeiro trabalho como criador e roteirista, combina elementos de fantasia e suspense que fazem de Outer Range um encontro de David Lynch com M. Night Shyamalan. Não à toa os atores Josh Brolin e Brad Pitt apostaram na ideia como produtores.
Night Sky é também o primeiro trabalho do criador e roteirista Holden Miller, que entrega uma história de ambientação ao mesmo tempo terna (o drama do casal que chega ao fim da vida) e misteriosa, algo entre o íntimo e o infinito. Não à toa o veterano cineasta argentino Juan Jose Campanella (O Segredo dos Seus Olhos, O Filho da Noiva) topou dirigir os dois primeiros episódios.

Mas Outer Range e Night Sky guardam algo mais e muito interessante em comum. Ambas têm como gancho a fantasia humana sobre a existência de um portal que nos permita ir e vir no tempo. E traz esse portal para o quintal de casa?
É o caso do fazendeiro Royal Abbott (Josh Brolin, foto no destaque) de Outer Range, que tem num pasto de sua propriedade um grande buraco redondo que leva a outros lugares no espaço e no tempo, e que ele luta para manter em segredo. Até que seu vizinho ambicioso insiste em se apossar desse pedaço de terra.
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É também o caso de Irene e Franklin (Sissy Spacek e J.K. Simmons, ótimos!), o casal de velhinhos de Night Sky. No barracão que têm nos fundos da casa, ninguém além deles sabe, tem uma passagem para um planeta de belíssimo céu estrelado. E os dois costumam descer para contemplá-lo. Até que…
Nas duas séries, os protagonistas já convivem com esses portais quando a trama começa, mas o enredo de uma e outra trabalha com um monte de pontas a serem juntadas. Night Sky, principalmente, é um instigante quebra-cabeças, com tramas paralelas que a gente sabe que vão se encontrar em algum momento mas não sabe como.
Mas antes de todas as qualidades latentes nas duas produções está o encanto dessa fantasia em que elas se amparam e que deve alcançar a mente de todos nós em um momento difícil como o que vivemos. Entre a nostalgia do passado e as incertezas sobre o futuro, dá uma vontade danada de descobrir uma rota de fuga do presente como essas.