Solos, série que estreou na Amazon Prime Video, é uma típica produção de tempos de pandemia. São sete episódios independentes, cada um protagonizado por um único ator em cena.  O ponto de partida é interessante: todos os personagens se vêm, em algum momento de um futuro próximo, confrontados consigos mesmos com auxílio da tecnologia. Uma espécie de Black Mirror intimista.

Mas a ideia sai dos trilhos quando levada à prática. Solos (que na plataforma ganha uma desnecessária tradução para Sozinhos) é uma sequência de histórias sem graça, que desperdiça um elenco com atores de peso como Helen Mirren, Morgan Freeman, Anne Hathaway e Anthony Mackie. Algumas são tão enfadonhas, que custa suportar os poucos 28 minutos que levam do início ao desfecho.

Dois dos piores episódios são justamente os mais pretensiosos : Sasha (com Uzo Aduba, de Orange Is The New Black) e Jenny (com Constance Wu, de As Golpistas). Se todas as histórias são um tanto sombrias, essas duas forçam a barra nesse sentido e soam extremamente artificiais. E o esforço das duas atrizes resulta não mais que em exagero.

Se há algo que salva essa série criada por David Weil (o mesmo da ótima Hunters, também na Prime Vídeo) é Helen Mirren, no episódio Peg. Ao contrário de Uzo Aduba e Constance Wu, Mirren alcança o tom certo numa interpretação teatral e primorosa na história de uma mulher de 71 anos que se voluntaria para um projeto de corrida espacial, fazendo uma viagem sem volta. É emocionante.

É verdade que Morgan Freeman também dá uma tremenda colaboração para evitar o desastre, fechando a primeira temporada (haverá uma segunda?) em um dueto com Dan Stevens (de Vigiados), num enredo que tenta dar uma pitada de ternura a Solos, mas se tivermos algum motivo para lembrar da série no futuro, será mesmo pela atuação de Helen Mirren.

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